17 novembro 2011

o duque de caxias é um homem a cavalo reduzido a uma estátua

Quem pela praça passa
reviravolta os olhos e não vê
o Duque de Caxias
que, cagado por pombas
se impõe ferozmente
a ferro e fogo
ninguém vê

nem o de carne e osso
sujeira e poço
não é visto como mais herói que o caxias Duque

e

o cavalo do Duque, obrigado a levar honrosamente as cagadas junto com o patrão
o vira-lata do de carne e osso (e minha mãe sempre dizia que cachorro de vagabundo sofre com honra, mas)
não perdem o amor
e parecem mais convictos que os donos candidatos a heróis

Aliás, se alguém tá pra ser visto naquela praça, é o cão
O cão!
ainda que não pudou, ainda que não chiuaua, ainda que não Duque
O cão é o herói da praça,
porque ele - como o cavalo - é herói de graça
Sem ironias
O cão é o herói da praça!

Rosto

Tem um rosto guardado
um rosto daqueles
um rosto roubado

um rosto se guarda em cena
vários outros rostos aguardam
tem um rosto aqui roubado, uma pena!
frente a vários rostos que flagram

tem um rosto escondido
na frente de outro, munido
sete pedras sopro na mão
frente ao dele está o meu no chão

tem um rosto de rimas fáceis
um rosto desarmoniado de medo

tem um rosto que me olha
eu olho
parado
ele pisca
Safado!

tem um rosto de papel de parede pairado
Eu não olho não

só as vezes

:

tem um rosto de medo parado