15 janeiro 2011

Uma Breve História do Movimento Teatral de São Carlos.

São Carlos apresenta um interessante dado histórico no fomento do teatro no interior paulista que foi a existência de um forte movimento de teatro amador, que conquistou equipamentos culturais para a cidade, além de fazê-la sediar um festival

Inaugurado em 1966, o Teatro Municipal Dr. Alderico Vieira Perdigão representou a conquista de um espaço para a apresentação dos grupos amadores locais e também, a partir do ano de 1967, para a exibição de montagens de grande qualidade artística, como Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, pelo Grupo SESC de São Paulo, e Dois Perdidos numa noite suja, de Plínio Marcos. Dentre os diversos artistas que pisaram no palco do referido teatro, figuram Cacilda Becker, Walmor Chagas, Carlos Zara, Renato Borghi, Etty Fraser, Fernando Peixoto, Eva Wilma, Bibi Ferreira, Glória Menezes e muitos outros.

As duas universidades públicas aqui instaladas, UFSCar e USP, tiveram importante papel no movimento teatral. A USP, geralmente através de seu centro acadêmico, o CAASO, recebeu personalidades ilustres do teatro brasileiro, como Paulo Autran, que ali foi apresentar peça e dar palestra. A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) contou com a participação ativa dos artistas José Sidney Leandro e André Galesso. Pode-se ler mais sobre os fatos marcantes relacionados a esse período no livro de Névio Dias, Memória (1965-1970): o teatro amador no contexto de São Carlos.

Tudo isso se perde em meados da década de 1970, com o fim do movimento amador, a não realização do festival e, mais adiante, o fechamento do Teatro Municipal para reformas. Durante o período de baixa, os eventos teatrais concentraram-se com ênfase no meio universitário, com montagens trazidas pela Coordenadoria de Eventos Culturais da UFSCar e pelo SESC. Ocorre que se tratava, em grande maioria, de montagens de outras regiões, e não de produções do município de São Carlos.

Com a reabertura do Municipal, em 2008, a cidade voltou a contar com um espaço público municipal consagrado à produção teatral, além de a Prefeitura Municipal gradualmente começar a oferecer projetos culturais que incentivam a fruição teatral.

Atualmente, observa-se o ressurgimento da efervescência teatral de décadas passadas, que se deve a uma série de ações individuais e coletivas que têm por objetivo promover tal arte. Grupos teatrais como Preto no Branco, Cia. da Insônia, Acaso, Teatro Descalço e Núcleo Arame D'Arte demonstram que o potencial artístico continua vivo, já que esses grupos promovem apresentações e já foram contemplados em editais.

Matéria de outubro de 2009


Grupo teatral Preto no Branco estreia espetáculo


No último domingo,11 de outubro,o grupo Preto no Branco, de São Carlos, fez um ensaio aberto de seu novo trabalho,''Isabela, a astróloga de araque''. O evento ocorreu no Cantinho Fraterno Maria Jacinta. Mais do que uma atitude voltada para a verificação da funcionalidade das escolhas cênicas do grupo, a apresentação foi uma amostra do quanto a arte influi beneficamente na vida das pessoas. Durante as cenas, saltava aos olhos a integração entre elenco e público. A alegria dos idosos internos em ver o espetáculo foi de uma intensidade comovente.
O novo espetáculo do Preto no Branco, grupo formado em 2001 pelo ator e diretor Fernando Cruz, conta neste ano com a orientação do projeto Ademar Guerra, uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo. O projeto propõe o aprimoramento do teatro amador do interior do Estado e, para isso, propicia aos grupos contemplados por processo seletivo a orientação quinzenal de um profissional do teatro. A orientadora do Preto no Branco é Marcília Rosário, uma das fundadoras do curso de Artes Cênicas da Unicamp.
A farsa ''Isabela, a astróloga de araque'', de Miroel Silveira, mas cuja adaptação para o Preto no Branco foi feita por Reinaldo Santiago, resgata a atmosfera da Commedia dell'arte, gênero estabelecido a partir do século XVI. Pantaleão, apaixonado por Isabela, teme o Capitão Matamouros, que vem àquele cobrar uma dívida. Florindo, filho de Pantaleão, é o amante de Isabela. Esta é filha de Doutor Baloardo, homem que busca satisfação financeira através do casamento de sua filha. E os criados, Arlequim, Esmeraldina e Briguela, astutos e muito carismáticos, sempre estão a armar e desarmar confusões, ora dificultando ora facilitando a vida dos patrões.
O grupo ainda aguarda a liberação da verba para custeio da produção, verba essa prevista pelo edital do Fundo Municipal de Cultura de São Carlos, no qual foi contemplado em fins de 2008. Enquanto isso,através de apoios e parcerias diversas, o Preto no Branco tem trabalhado intensamente na montagem atual, de modo a levar dignamente seu espetáculo ao público.
Neste domingo, 18, às 20h, o Preto no Branco apresenta "Isabela, a astróloga de araque'' na Tenda Móvel de Teatro, que neste mês de outubro foi instalada na Estação Comunitária do Jardim Gonzaga (ECO). A apresentação será gratuita e livre para todos os públicos.