10 junho 2010

Improviso musical para Isabela

Nova sede!

Nova sede, nova sede! Sede espacial e sede de sede de fazer de teatro.

Ontem, quarta-feira, entramos pela primeira vez no espaço que será a nossa nova sede, o logar que poderemos personalizar a nosso gosto. Trata-se do mesmo ambiente onde outrora funcionou o bar Mujahed, cujo pianista era o Sr. Félix, o melhor pianista que eu já vi. O espaço se situa no mesmo prédio onde funciona a Escola de Dança e Artes Studium, onde temos ensaiado nos últimos meses: rua Comendador Alfredo Maffei, 1605.

Para não deixar passar em branco esse acontecimento, fizemos uma espécie de ritual de entrada. Eis o ritual: cada integrante ganha uma vela. O novo espaço está com a luz cortada (na verdade, não está, mas se a gente dissesse que está, isso ia acabar com a brincadeira). O ato primeiro é explorar o espaço minuciosa e silenciosamente. Onze copos dispostos aleatoriamente no espaço. Dentro de cada copo há um pedaço de papel com uma sitação escrita. Assim que encontrasse o copo e o papel, o ator deveria pegar o copo e se aproximar de cada um dos outros atores e dizer-lhes o texto ao ouvido. Todos os textos, como se pode ver abaixo, tinham como palavras-chave "lugar" e "espaço". Depois de acesas as velas, não era permitido falar nada além dos textos encontrados nos copos. E depois de encontrados todos os copos e lidos todos os textos, os atores saíam, apagavam as velas e podiam voltar a falar.

Os copos serviram para receber alguns goles de Chuva de Prata que arrumamos celebrar a nova sede.

Estamos aí!
Vejam os textos que
fizeram parte do ritual
de inauguração da nova
sede do grupo:




Sou o que sou
porque vivo da minha maneira...
Você procurando respostas olhando pro espaço,
e eu tão ocupado vivendo...
Eu não me pergunto,
Eu faço!
(Raul Seixas)


Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar.
(Chico Science)


Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.
(José Saramago)


Os ritos são no tempo o mesmo que o domicílio é no espaço.
(Antoine de Saint-Exupéry)


Quero todo o teu espaço
e todo o teu tempo.
Quero todas as tuas horas
e todos os teus beijos.
Quero toda a tua noite
e todo o teu silêncio.
(Mario Quintana)


O ponto de encontro entre a criação artística e a vida vivida talvez esteja naquele espaço privilegiado que é o sonho.
(Antonio Tabucchi)


Os nossos desejos ocupam maior espaço do que as nossas necessidades.
(Emanuel Wertheimer)


Melhor do que a criatura,
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos
(Cora Coralina)


Existe um lugar onde ninguém pode tirar você de mim. Este lugar chama-se Pensamento...e nele, você me pertence!!
(Charles Chaplin)


Não deixe aquilo que é urgente tomar o lugar daquilo que é importante em sua vida.
(Charles H. Spurgeon)


me oprimem essas paredes nuas
sou pudico na questão decorativa
preciso vestir as paredes comigo mesmo
impregnar-me no espaço que é meu
para sensualmente adentrá-lo.
meu lugar sou eu
e o espaço desse lugar
tem de me ser também.
(Renato Capella)

Ensaio 7/6/2010: Musicalidade dos atores

Estamos começando a refletir mais sobre nossa musicalidade. Já temos música ao vivo no nosso espetáculo "Isabela, a Astróloga de Araque", mas até a apresentação do Alderico — o Teatro Municipal de São Carlos — toda a sonorização ficava a cargo dos dois músicos, Mabel e Dudu, o que acabava sobrecarregando-os. Foi preciso um chacoalhão do João, nosso atual orientador pelo Projeto Ademar Guerra, para que caísse a ficha de que os atores podem e devem também se apropriar do som do espetáculo. E é isso que estamos começando a fazer.

Abaixo, o roteiro do ensaio que fizemos na segunda-feira.

1) Aquecimento
— Cada ator numa parte do salão. Só respirar e trabalhar o diafragma.
— Aos poucos, fazer com que o corpo se expanda a cada nova inspiração, e se recolha a cada expiração (o alongamento e trabalho com articulações vem de carona nisso)
— Um ator ajudar o outro a se alongar
— Se locomover pela sala (sempre expandindo e recolhendo)
— Estímulo das palmas do condutor: palma/expande, palma/recolhe (aumentando e diminuindo a velocidade)
— Movimento-dança estimulado pela música "Chiquita", uma valsa-choro

2) Jogos para as cenas
— Ritual para pegar instrumentos musicais: depois de terminada a música, chamei todos para um canto da sala. Os intrumentos no meio dela. O jogo era, um de cada vez, sair do canto, ir vagarosamente ao centro da sala, pegar um dos instrumentos, não emitir som nenhum, nem com o seu corpo nem com o instrumento, e se deslocar até o outro canto da sala. Foi bonito ver o pessoal pegando os instrumentos.
— Atores se espalham devagar pela sala sem fazer sons com os intrumentos. Contudo, dei o estímulo para que cada ator, quando quisesse, emitisse um som sem-querer-querendo. Ao ouvir esse estímulo, todos os outros atores deveriam olhar na direção do som e dizer "chiiiu!". Rolou bem legal isso também.
— Lentamente, chamei todos ao centro, e também lentamente começamos a querer ouvir os sons dos intrumentos. Ninguém falava. Todos estavam no jogo, na comunicação pelo olhar. Para quebrar, fizemos uma algazarra, uma barulheira (o que já fazemos na Isabela!). Depois, um ator faz um som, outro faz outro, e vai indo vai indo vai indo, criamos um ritmo! Aceleramos, ralentamos, tocamos forte, piano, forte, piano, forte.
— Comentários musicais: peguei da minha oficina de redação e da internet alguns microtextos engraçados: cantadas e piadas de pontinhos. Coloquei num suporte no meio de uma roda que nós formamos. À vontade, cada um ia ao meio da roda, lia um dos textinhos e os demais atores comentavam com os intrumentos. A coisa começou tímida, mas foi ficando cada vez mais divertida e criativa. Os atores começavam a chegar no meio da roda e a dilatar sua estada ali, se movimentando com tonos muscular, curtindo a brincadeira, se divertindo, saboreando os textos, fazendo cenas mesmo! E os comentários musicais cada vez mais ricos.

3) Nas cenas da Isabela
Fizemos o prólogo da nossa peça "Isabela, a astróloga de araque" e experimentamos alguns novos sons nele. Passamos a cena do Doutor com Isabela (Pai e Nádia) para vermos como os comentários podem funcionar na cena. Também deixamos todos os atores aparentes durante a cena, numa meia-lua no fundo do espaço cênico. Isso era uma idéia que vínhamos alimentando há tempos e que só agora estamos pondo em prática. E vamos desenvolver isso muito mais.

Para encerrar o ensaio, fizemos um improviso um improviso sobre a música do prólogo. Eis a proposta: cantarmos a última estrofe da música e depois voltarmos ao começo, que diz "Nós somos da commedia dell'arte". Cantado esse verso, era para a gente parar e começar a discutir o sermos ou não sermos da comédia dell'arte. Não era pra discutir cabeçonamente, mas criativamente. Surgiram várias propostas de alteração tanto nesse como em outros versos, fora todo o brainstorm sobre o assunto proposto.

Apesar do cansaço geral em que nos encontramos por conta das correrias do dia-a-dia, estamos numa levada criativa muito empolgante. Dia 23 de junho tem apresentação em Araraquara, pela XXII Semana Luiz Antônio Martinez Corrêa. Temos muito o que ensaiar ainda, só que estamos no caminho certo.

renato

07 junho 2010

Opa!

Mais um instrumento de comunicação entre o PB e toda a galera!

Salve!

Este é o blog do Grupo de Teatro Preto no Branco de São Carlos. Acompanhe nossas atividades!