11 fevereiro 2015

Caixinhas - por Nádia Stevanato


Se me meti pra revirar foi o esgoto? Aquele ali, daqui, das caixinhas de colocar opinião dentro. É, pois. Li foi um monte zão assim, ó. Deu nó nas tripa, aperto na barrigada e mais que tudo, pra nada, me vi foi igualzinha. Ai, ó. Raiva deu, raiva dá. Como assim, logo eu, acha? Jeito de bruxo é ajuntar tudo e ferver à muita pernada. E braçada. Deixar tudo bonitinho pra divertir a moçada. Troncada e coraçãozada, bacanada, banana prata, sô. Então fiz. Sujei a alma toda, mãe disse pra não se meter com fruta podre que apodrece até a quinta geração. Achava é eu tão boazinha, santa, nem nunca roubei nem clips de devogado. Qu'ele merece, merece, mas sou é imaculadinha. Tou aqui só pra apontar como o mundão é ruim de mau, o mundo. Só não subo pro céu com corpo e tudo porque Sassinhora mãe do Grande fez antes de mim. Respeito, vixe, é coisa que em Barra Bonita se aprende antes de andar de quatro. Pois bem. Te conto é que ando triste, viu. Ando pensando que todo mundo tá dentro de mim e eu tou também dentro deles, deles mesmos, os que cagam e jogam no esgoto da caixinha de colocar opinião dentro. Será? Macumbisse essa, sai de retro. Não! Aquele é povo chique do bão com as palavras, eu não. Eu só pulo e falo alto pra senhorinha lááá da última fila. Mas digo, e digo com força de decisão: nunca afronte uma mulher caipira, viu? Qu'eu vô lá no esgoto pra jogar é tudo pra riba. Eita! Não assuste, como disse, digo, sou boazinha, faço isso não. Nem cago. Faço só ceninha, trolla, bonitinho e fofinho risadinha e louvação. E não é pra isso que serve? Serve nada, pra nada. Serve pra que, então?

09 fevereiro 2015

O dia em que descobrimos o novo ou a arte de não saber - por Bruno Garbuio

Ontem finalizamos o primeiro intensivo do ano de 2015...                          UAU!
Após nossas férias relativamente cumpridas voltamos ao trabalho em velocidade máxima.
Nossos corpos dominados pelo cansaço do domingo respondiam por si só a pergunta primordial: Foi bom?


 Foi ótimo!



uma das cenas criadas. Nesta foto o selfie fazia parte da cena.


Todo esses corpos moventes passaram por um processo interessantíssimo nesses quatros dias de intenso trabalho. Nesse percurso de suor a retomada do que é fazer teatro coletivamente junto a arte  do ator criador e a direção provocativa ressuscitaram uma ideia coletiva da comunhão do não saber... Afinal o diretor dessa montagem cansou de nos falar no ano passado: O importante é não saber!

A busca pelas aleatoriedades que criassem algo chegou a tal ponto que criamos, recriamos, escolhemos e tivemos a dor de escolher novamente - escolhas exigem muito desapego.

improvisos com objetos e delimitações físicas no espaço.

O resumo de toda essa ópera não poderia ser diferente; em aproximadamente 25 horas de trabalho obtivemos muito material registrado com muitos possíveis apontamentos para nossa criação.

Continuemos, guerreiras e guerreiros!
O percurso das novas descobertas diárias só está começando!

a merecida cerveja pós-ensaio. O CCC digno!