22 setembro 2011

Loucos?

O Velhinho sempre dizia: ''Fazer isso é coisa de Louco!''. Nunca demos bola pro pobre senhor. Quando vi que no tarô a carta, dos arcanos maiores, 0 ou 22 era o Louco não acreditei. Sabe por que ela pode ser a primeira carta ou a última? Porque todos nós somos o Louco. Eu, você, nós, vós, eles! Toda a roda da vida representada pela união dos 21 Arcanos. Dizem por aí que o Louco é detentor de toda consciência e é dotado de todos os dons. Amém. Que assim seja mesmo. Afinal, não é algo fácil ter que caçar leões, capivaras, jaguatiricas e ainda, para ferrar toda a lona do circo, ter que plantar mandioca e alface porque há sempre um vegetariano pro meio -  familiarizado com o Instituto Nina Rosa e com o argumento de respeito aos animais. Mas ainda há uma saída para tudo isso... Que tal pararmos de vender Poesia? A ideia de vender PÓ E CIA não é tão mau. O tráfico é algo interessante, gera milhões por ano e ainda contribui para o emprego de muita gente. Ajuda o repórter sensacionalista a escrever uma matéria  que encabula a população. Ajuda o fotógrafo sensacionalista, e sanguinário, a tirar lindas fotos de pacotes de drogas e tudo mais. Ajuda o advogado engravatado a defender os de lado de lá ou os do lados de cá e, ainda, ganhar como prêmio uns bons quilos de cocaína. Ajuda a força coerciva da PM com seus homens fedidos e fardados, não necessariamente nesta ordem, a correr com cara fechada e armas nas mãos atrás dos pobres neguinhos da favela. E por aí vai. O tráfico é um jogo político. O tráfico é um bom negócio. ''E não me venha com besteria de dizer...''  Aquelas doutrinas baratas e cristãs. Sabe aquela velha história do bem e do mal? Aquela coisinha de que o menininho que cheira cola e mora na rua é um ''vagabundinho'' e que futuramente virará um delinquente, isso se não virar aos 10 anos um menor delinquente. No blog do planalto eles disseram que provavelmente haverá o ÁGATA II no Sul. O intuito é reduzir a criminalidade e aumentar a proteção nas fronteiras do país. Beleza,bacana! Adorei também o nome do projeto ser o substantivo simples de uma Pedra que provavelmente veio da Sicília.  Mas no fim, depois de tanta besteiras e ideologias baratas a gente vê que tudo é mais ou menos assim. Talvez haja um grande ponto de intersecção em todos esses balões desse diagrama de Venn. O artista,o traficante, o menor delinquente, os criminosos e os carinhas da fronteiras( bárbaros da fronteira?) talvez sejam todos farinha do mesmo saco. Um bando de LOUCO... Mas há outa saída?

18 setembro 2011

PB é pura Economia Solidária

Logo que o PB foi fundado, em meados de 2001, através de seus diretores, foram feitos convites para muitos jovens se juntarem à causa do teatro.
Logo o Grupo virou moda e um lugar legal para passar horas da semana de cada adolescente participante dos precoces trabalhos da época. Era "cult", sabe? E assim foi. Não poderia ser diferente. Estávamos numa escola particular de preceitos ocidentais, brancos, católicos...
Passados 08 anos, lá fui eu remontar o Grupo - o único sobrevivente após aventuras teatrais fora da escola - e fiz convites para algumas pessoas. Já não estávamos mais no colégio. Não tinha casa, respeito, nome, ninguém conhecia o PB, enfim... Buáááááá, buáááááááá....
Hoje continuamos sem casa. Nome tudo bem. Tem gente que fala que somos formadores de opinião! CREDO! Respeito... Bom, deixe-me penar... Não, respeito não. Ainda não temos o respeito da grande maioria das pessoas, governantes ou não. Buááááááá... Buááááááá... 2010 ficamos craque na arte de chorar. E sofrer. E de 2008 pra cá, ainda vejo espíritos guerreiros que continuam. Logo chegaram mais. Aqui estamos.
Nosso dia a dia de trabalho é fundado nos conceitos nobres da Economia Solidária. Os atores e diretor se mantém TRABALHANDO numa intensa troca espiritual de uma moeda solidária que ainda não batizamos. Chegamos 22:30h pro ensaio levados pela paixão, no ônibus do desejo, saímos 1:30h com a mesma paixão, elevada pelo coeficiente da intensidade dos momentos recém vividos. Depois do ensaio, quando os olhos ainda permancem abertos, paramos em alguma lanchonete. Milagrosamente dinheiro (Real) brota de algum lugar, silencioso, sorrateiro, proibido. OPA! O que faz a moeda REAL no nosso meio? E logo ela se esvaire no caixa mostro do Sr. Drácula. No outro dia é a mesma coisa: paixão, gasolina de algodão doce, passe escolar de confete da nestlé, mais paixão, bebedeira de poesia, trabalho, chega a suar. Teatro de Grupo não é fácil, diz o professor. E mais um dia. São três dias por semana. Somadas as horas gira em torno de 9 horas semanais, sem contar os intensivos nos finais de semana quinzenais. Feriado tb. Ganhamos horas extras de euforia e agitação. O coração bate mais rápido a cada texto, emociona. E a valorização ao ser humano, todos os pricípios da economia que faz sobreviver o PB, a solidária, se aprofunda, ganha forma e vira meio de trabalho, levando o REAL (mundo e moeda) para bem longe das nossas vidas.
Alguém falou em empresa? Ah, é! Esqueci de falar. Somos empresa COM FINS LUCRATIVOS, acreditam? Sabiam que teatro é atividade lucrativa? ééééé....... Nós aprendemos a assinar contrato, temos até nota fiscal!!! O que me aflige no momento é que estamos prestes mudar nossa filosofia solidária. O Sr Drácula está dando um curso para nós de Fluxo de Caixa e nos mostrou que estamos falidos desde a nossa fundação e que merecemos um prêmio de "Empresa Falida A Mais Tempo Trabalhando Na Cidade". Estamos falidos! Ó, e agora? O que fazer? Sem casa, respeito e FALIDOS!!!!! Será o fim? Ou o começo? O que falar no ensaio de segunda para Bruno, Ana, Nádia e Pai? Como escrever para Yasmin, que não pode ir aos ensaios de semana? Como dar a notícia? Como será o processo de parto, como será romper com o Sistema Solidário que tanto amamos? É tão bom!!!! É tão seguro, quentinho, acolhedor... Como destruir o muro? Vamos fazer teatro para vestibular e apresentar 3 vezes por dia todos os dias da semana em 59 cidades por mês?????????


Não.



Não vamos.



Continuaremos solidários, porém, vamos valorizar nosso trabalho e elevá-lo ao nível audacioso de PROFISSÃO.
Contrata um encanador, eletricista, serralheiro, médico, dentista, piloto, professor, marcineiro, gestor... Qual a diferença entre eles e o ARTISTA?

Melhore, São Carlos!