02 novembro 2011

Lição de Casa

Há algumas semanas o PB foi a Capital para poder se deliciar de duas obras lindíssimas.
Os caipiras, habitantes de São Carlos ( sem menosprezo ou ideia de coitadinhos, por favor) foram até São Paulo para conferir duas grandes peças teatrais: Os Náufragos da Louca Esperança (Auroras) do Le Théâtre du Soleil da França e Diário Baldio do Barracão Teatro de Campinas.
A experiência? 
Inédita, poderíamos dizer!
Foi magnífico vermos de perto toda a obra da diretora Ariane Mnouchkine (que tivemos mais contato no decorrer deste ano através de textos e entrevistas) com sua trupe realizando um trabalho de  03:45, com lindíssimas cenas. Trinta atores em cena, todos executando várias tarefas, desde atuar, até desenvolver trabalhos de contra regragem, tudo lindamente e poeticamente executado. O subir e descer dos cenários, os figurinos encantadores e os personagens fantásticos  nos fizeram olhar com outros olhos e recordar com muito carinho de cada palavra que a diretora francesa pronunciou em cada texto ou entrevista que tivemos contato. Um teatro épico, histórico e de forte cunho político (mesmo que marxista) nos fizeram saltar aos olhos muitas lágrimas de emoção. Constatar aquela beleza e o fazer teatral da trupe nos fez entender um pouco mais o que é ter o lema: fazer teatro visando sempre a FELICIDADE. 
Ser Feliz, basta somente isto, é este o lema que certa vez Ariane disse ser do seu grupo. 
Mas, quando achávamos que tínhamos visto muita coisa linda e que já tínhamos permitido todas as possíveis lágrimas percorrerem a nossa face junto a emoção, levamos um tapa na cara e caímos de costas no chão. Foi mais ou menos desta forma que enfrentamos o grupo Barracão com o espetáculo Diário Baldio - um espetáculo de máscaras. Um choque com muitas emoções para pobres corações. 
Dois atores: Esio Magalhães e Gabriel Bodstein, com participação especial de Fernando Fubá, bastou somente isto para vivenciarmos uma linda peça no Galpão dos Folias, lugar onde foi velado o corpo do (que também lemos no decorrer deste ano) filósofo, ator,dramaturgo e diretor brasileiro, Reinaldo Maia. 
Tudo convergia para termos uma forte experiência e de fato, não há sombras de dúvidas, que isto aconteceu.
Um espetáculo de máscaras com personagens maravilhosos. Dois marginalizados, os excluídos da sociedade e um mundo entre o lixo. Mundo criativo, mundo heroico, mundo grande. Cotoco, o grotesco bufão, que muito nos encantou e Lady, com todo seu mundo construído naquele beco onde habita. A peça, com várias frases com exatidões incrívéis , como a pronunciada pela Lady onde diz que cotoco não ''Pensa, logo não existe'' parafraseando Descartes e deixando em evidência uma marginalização mais intensa, transformava a realidade em uma tragicomédia muito interessante. Mas, a experiência, que nos levou a choros de risos e choros de emoções, não parou por aí... Ao término do espetáculo tivemos a tamanha oportunidade de conversar, mesmo que brevemente, com o dois atores que nos contaram sobre o processo dramatúrgico do espetáculo. Muitas coisas bacanas, muitos esclarecimentos aconteceram. Tínhamos lido o Zibaldone feito pelo grupo, chegamos por lá com alguma ideia de como tudo foi, mas é impagável ouvir dos próprios artistas como foi a realização de todo o processo.

Finalizo com uma frase dita certa vez por alguém do grupo:
"Podemos agora dizer que o PB tem uma vida pré ida a São Paulo e pós . Não há dúvidas que tudo isto influenciou diretamente nossa forma de chegar no ensaio e olhar tudo aquilo que temos... E isto é bom''







JACARANDÁ

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