04 março 2012

Nozeróis, Nozeróis!

Os cegos amanhecem. Os cegos nascem. Os cegos vivem.


Andam, reclamam da vida que mau enxergam. A tragédia que é viver permeia suas risadas e comemorações. Os cegos vagueiam, buscam o mundo e não buscam nada. A trajetória é simples porém com muitos obstáculos. As cartas chegam. Antígona gritou. Medéia Gritou. Maria Farrar Gritou, ninguém escutou. Tocar no sono do mundo e despertar todos aqueles que continuavam calados muitas vezes tem seu preço alto. A vida têm necessariamente que continuar e os Cegos continuam a peregrinar. O eterno andar na busca pela comida, choro e vela. Na busca constante pela sobrevivência procuram lembrar das histórias que amenizam suas dores. Que ameniza a dor da consciência de que vivem. A anestesia do sofrimento junto ao arriscado e injusto. Da Mulher que dançou com o diabo até a Prostituta que tentou ir ao mercado ser gente.Da moça que matou o filho até a Mulher que cuidou da galinha e abandonou a menina que estava ao lado. Todas as heroínas são presas por tocarem no Sono do Mundo. Despertaram o que jamais deveria ser despertado. Mexeram na Moral, no costume. 
''MALDITAS SÃO AQUELAS QUE QUISERAM COLOCAR O DEDO NA FERIDA''  - Gritou o moço consciente!
''MEXERAM E FEDEU MAIS. SE ESQUECERAM QUE QUANTO MAIS MEXE, MAIS FEDE!'' - Gritava o outro moço consciente!

BENDITAS SÃO AQUELAS QUE MORREM VIVENDO...

A prisão, local a parte da sociedade, é moradia dos injustiçados e injustos, do limpos e encardidos, dos coerentes e incoerentes. Iluminado por poucas velas, compõem o ambiente que ninguém deveria entrar. Somente o calor guia os cegos nas celas que são obrigados a ficar. 
Já não há outra saída, só nos resta dormir para não tocarmos em nada. Calar e ficar, mesmo porque HOJE, AMANHÃ NÃO EXISTE. As velas se apagam e o canto da peregrinação toma conta.

Um comentário:

Fernando Cruz disse...

Muito bonito o texto! Parabéns, BIG!