30 junho 2015

No Gaveta Livre

No último sábado apresentamos o Ao Revés do Papel no Festival Gaveta Livre.
Quer saber como foi?
Teatro do Gaveta lotado, elenco ligado, peça com muita magia e diversão. Fizemos a apresentação com a platéia muito próxima, como fazíamos lá no início da vida da peça quando montamos ela no quintal da antiga sede do Pb em 2012. Nosso dever foi cumprido, fizemos nossa grande brincadeira com muita alegria.

Confira abaixo algumas fotos tiradas pela organização do evento e o depoimento do poeta de São Carlos, Anderson Petroni.









Por Anderson Petroni
Recuso-me a dizer que faltam palavras para descrever o que aconteceu em São Carlos nestes últimos 3 dias: elas sobram e foram as grandes homenageadas do Festival Gaveta Livre. Dentre as muitas palavras que me ocorrem, tem uma em especial que me parece ter perpassado diversos momentos desta linda festa, interligando-os: religião. Da fala descontraída do Marcelino Freire, pedindo sempre muitas palmas, pra quem passar do lado de fora pensar que é igreja, à revelação, feita diante de todos que se permitiram participar deste culto, da criação de uma religião própria feita pelo grande Lourenço Mutarelli. Da defesa do escatológico, tema nitidamente religioso, feita pela poeta Le Tícia Conde, ao caráter divino do cu, lembrado pela bicha lírica Matheus Torres. Do depoimento emocionante de Isadora Krieger sobre seu momento de epifania, às aventuras de Andréa del Fuego em longínquos templos orientais. Da crença nos autores locais, sempre tão desacreditados, ao recebimento do dízimo por parte do Grupo Preto no Branco, gesto que nos reconecta ao elemento tradicional do teatro de rua e sua humildade cristã de presentear o público gratuitamente com o espetáculo, para depois passar o chapéu e recolher os afetos de quem se deixou tocar. Tudo isso fruto de uma dedicação e de um trabalho religioso de uma galera do bem, que fica aqui representada nas figuras de Jorge Ialanji Filholini e Fernando Chiari Cruz, grandes responsáveis pela festa toda. Confesso que saí de alma lavada e com o espírito renovado. A única tristeza é saber que esse encontro ainda não é semanal: vamos esperar um ano para celebrar novamente. Tem tempo, mas como a pergunta sobre a próxima homenagem já ressoou, arrisco sugerir um nome que tem tudo a ver com este tema que perpassou a primeira edição: Adélia Prado. Peço que desculpem a ousadia de sugerir alguém, mas não resisti. Independente da escolha para a homenagem, que, não resta dúvidas, será acertada, estaremos esperando ansiosamente para mais uma vez celebrar. Em tempos de mediocridade reinante, o Festival Gaveta Livre é um acontecimento urgente e essencial: o melhor encontro literário que pude presenciar em São Carlos e, sem dúvidas, o melhor evento religioso de minha vida. Gratidão

Na íntegra AQUI.

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