23 agosto 2011

Faça isso, não aquilo!

Leia Sartre, cuspa Eugene O'Neiill, aprenda francês, descubra a astronomia mas não faça teatro. Coma gelatina mole, se alimente bem, voe de asa delta, mas não faça teatro. Aprenda a tocar violão, violino, violoncelo, piano, gaita, saxofone, flauta doce, flauta transversal, cítara, bateria, rabeca mas nunca faça teatro. Aprenda a cozinhar, faça peixe assado, doce de banana, caldo de mocotó, suco de limão, mas jamais, em toda sua vida, faça teatro. Aprenda política, leia desde Platão, Aristóteles, Maquiavel, Hobbes, Locke, até Montesquieu, Hume, Rousseau, Kant e Marx e complete com a economia lendo Adam Smith mas não se atreva a fazer teatro. Aprenda a tricotar, lavar, passar, cortar, costurar, arrebentar, agasalhar os pobres e oprimidos, rezar em latim e escrever 'eu te amo' em alemão, que seria algo mais ou menos assim: ich liebe dich, mas jamais faço teatro. Aprenda a ler tarô, ver mapa astral, fazer truques com isqueiros, acender cigarros de formas diferentes, pintar telas e camisetas, mas não faça teatro. Use crack, cheire muito pó, fume todas as maconhas que aparecer na sua vida, mas nunca faça teatro...




Porque esta merda, chamada teatro, prende a gente na madrugada, consome nossa energia e ainda faz a gente sofrer, viver em crise - que mesmo sendo sinônimo de criação, continua a nos matar- ... Não importa. Seguir o conselho do tio-avó que certa vez disse para procurar emprego ou persistir em se atirar nessa droga pesada, sem cura e remédio?

ob: o engraçado é que isso acontece em todos os cantos do mundo, em todos os cantos da América, em todos os cantos do Brasil, em todos os cantos de São Paulo, em todos os cantos de São Carlos, e esses pobres alquimistas que se atiram na arte dramática se iludem e vivem para continuar.

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