Se me meti pra revirar foi o esgoto? Aquele ali, daqui, das caixinhas
de colocar opinião dentro. É, pois. Li foi um monte zão assim, ó.
Deu nó nas tripa, aperto na barrigada e mais que tudo, pra nada, me
vi foi igualzinha. Ai, ó. Raiva deu, raiva dá. Como assim, logo eu,
acha? Jeito de bruxo é ajuntar tudo e ferver à muita pernada. E
braçada. Deixar tudo bonitinho pra divertir a moçada. Troncada e
coraçãozada, bacanada, banana prata, sô. Então fiz. Sujei a alma toda, mãe
disse pra não se meter com fruta podre que apodrece até a quinta
geração. Achava é eu tão boazinha, santa, nem nunca roubei nem
clips de devogado. Qu'ele merece, merece, mas sou é imaculadinha.
Tou aqui só pra apontar como o mundão é ruim de mau, o mundo.
Só não subo pro céu com corpo e tudo porque Sassinhora mãe do
Grande fez antes de mim. Respeito, vixe, é coisa que em Barra Bonita
se aprende antes de andar de quatro. Pois bem. Te conto é que ando
triste, viu. Ando pensando que todo mundo tá dentro de mim e eu tou
também dentro deles, deles mesmos, os que cagam e jogam no esgoto da
caixinha de colocar opinião dentro. Será? Macumbisse essa, sai de
retro. Não! Aquele é povo chique do bão com as palavras, eu
não. Eu só pulo e falo alto pra senhorinha lááá da última fila. Mas digo, e digo com força de decisão: nunca afronte uma
mulher caipira, viu? Qu'eu vô lá no esgoto pra jogar é tudo pra
riba. Eita! Não assuste, como disse, digo, sou boazinha, faço isso
não. Nem cago. Faço só ceninha, trolla, bonitinho e fofinho risadinha e
louvação. E não é pra isso que serve? Serve nada, pra nada. Serve
pra que, então?
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