8h30 toca o despertador, café da manhã só dali três estações. Vila Madalena, reduto dos boêmios, da nobreza paulistana, das ruas líricas e da Tim Maia tomada por cores e pessoas que durante o carnaval caminhavam pelas descidas enquanto subíamos as ladeiras. Num canto das Araras, lugar de poesia e criação, a gente começou com nossos pés no chão logo no primeiro dia da maior festa do planeta onde a ordem é: pula saí do chão. Na contramão das pessoas dos caminhos e na contramão dos foliões, que fizemos e tivemos somente nas noites, fomos sendo apresentados ao novo, ao difícil.
Segura o centro, pé raiz, pé com pé, em cima só relaxa, em cima é expressão! CALMA, eu não sei fazer isso não.
Calma! concentração, esse tal de trazer o centro. Lembrei duma coisa logo no primeiro momento, há uma semana machuquei o pé, hora de enfatizar isso, vamos lá: verbalmente vou projetar minhas desculpas de que talvez tenha dificuldades com as Lições. É muito pé, é muito forte. Essa raiz é mais bruta que ginseng. A resposta foi precisa: Segunda-feira, Bruno, me fale desse pé - disse Lodi.
Que sábado amargo.
E durante uma semana as soluções foram: arnica daqui, arnica de lá, gelo, massagem com gel de Santa Maria, sapato que não vira o pé e depois recebo: daqui dois dias me fale sobre seu pé. Doeu no primeiro dia, doeu no segundo, depois num me lembro mais... Mas que porra de bruxaria é essa? Deve ser circulação!
Ou talvez não...
Eu não sei! Era forte. As Lições tiravam coisas e exigiam outras que nunca tinha percebido. É pé. é raiz. É sagrado o movimento, o silêncio, a dor, mas sobretudo a busca. E é assustador! Não é expressado oralmente, mas está tudo ali. Haja corpo! Haja percepção de toda a natureza. Essa filosofia de se fazer teatro, não aparenta vir carregada de axiomas, não parece querer dar uma definição... Apenas vem, com muito respeito
Sacralizando o Ato. Tornando nosso corpo grandioso, com todas as possibilidades e os choros depois delas...
Poderia finalizar esse texto dizendo muitas coisas como as descrições das Lições, de como foi ter trabalhado com cada movimento, com cada exigência física de sustentação, mas não!
Vou apenas roubar uma frase solta no nosso CCC de terça que Cruz bem definiu: O Método Suzuki é como o plano de JK, 50 anos em 5.
Muita coisa em pouco tempo.
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