24 fevereiro 2015

BLOCO do Engaja mas não cai - por Ana Garbuio

Vivencia de cinco dias em processo de amadurecimento e possível queda.
Iminente queda do passo, que em execução, não movimenta a parte superior do corpo, mas sim seu centro, o movimento que surge desse centro em expansão, a iminente queda do corpo que está porvir, do corpo em passagem, que respira suor e sensações desconhecidas.
Das perguntas que pulam do inconsciente: Como receber esses ancestrais que emergem de cada célula desse meu corpo? Esse organismo  composto por células que um dia se decompuseram. O estado entre o pó (do que viemos e ao qual voltaremos) e o compacto.  Há uma tal natureza difícil de acessar, há roupa antes da pele, os órgãos estão sintetizados para receber calorias fabricadas.
Há pensamento antes do fazer
Há madeira em suspensão antes da terra
Há teto antes do céu
Há luz artificial antes do sol
Há ar condicionado antes do vento
Há banho antes da chuva
Como acessar o indizível? e intransponível?

Uma linda e inesperada experiência, inesperada, porque como diz Fabiano Lodi, o importante é não saber. Não saber que o lugar de treino seria acolhedor, que o treino em pleno Carnaval seria executado mesmo que o samba pulsasse, ainda que levemente, pela cidade e por mim.

O caminho até a chegada era como uma grande onda, um mar de montanhas asfaltadas que vez ou outra era coberta por foliões, vez ou outra por gotas de chuva e completamente coberta pelos grafites coloridos e saudosos.

A sala branca em oposição, com corpos que pedem engajamento e em outro estado. O corpo que representa o recorte espacial mais importante para ser mostrado à audiência, e que por isso, torna esse momento da arte especial, da arte sem nome e que não precisa ser classificada. Há muito o que se conhecer, mas é através da presença física que gera gotas de água salgada saídas de todos os poros,  gotas sudoríparas e lacrimais, que se pode ter uma breve noção do que um treino contínuo e bem executado pode gerar.

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